"Será vantajoso trocarmos um tirano a mil léguas de distância por mil tiranos a uma légua?"
Benjamin Martin, o personagem interpretado por Mel Gibson em "O Patriota"
Talvez alguns ou até vários dos estimados leitores que acodem a este articulista estranhem a sua falta de empenho a favor do candidato da oposição. Não, a impressão deles não é equivocada. Este que vos tecla guarda uma convicção antes de tudo anti-política, e segundo tal concepção, mesmo que o candidato fabiano venha a vencer as eleições, hipótese que se afigura como cada vez mais verossímil, ele há de receber a nossa carga de cobrança pela liberdade durante a sua gestão, que em nada ficaria (ou ficará) a dever à tosca (minúscula, isto é, não a da ópera...).
Sim, prezados, anti-política. Há quem tenha me escrito manifestando o apoio à causa embora considere-a como inglória. Discordo e asseguro: os relampejos de liberdade que hoje usufruímos não nos foram concedidos por políticos, mas arrancados deles por pais e mães que cansaram de ter as suas colheitas confiscadas e ver seus filhos mandados a estúpidas guerras.
Até hoje Napoleão Bonaparte é idolatrado na França e alhures, seja por seus dons militares, seja por seu famoso Código Civil. Poucos, no entanto, lembram-se daquele que rabiscou comentários sobre "O Príncipe" de Maquiavel, em termos tais como "escrúpulos, pra quê?" Naquele documento, escrito para ninguém senão a si próprio, o revolucionário corso confessava o pleno desprezo pela moral, pela honra, pela honestidade e sobretudo, pelas vidas das pessoas comuns, especialmente daquelas que o serviam.
Não hei de ficar a adular políticos - o que é bastante diferente de elogiar este ou aquele por uma posição louvável e correta, como a do Sr Índio da Costa - e nisto uma dose de prudência e bom-senso se faz mui necessária. Em tempo, trago um execrável exemplo daqui do estado do Pará: o PSDB governou este estado pela pessoa do Sr Almir Gabriel por dois mandatos, seguido por seu sucessor indicado Simão Jatene, que por sua vez atualmente concorre com a governadora Ana Júlia Carepa, do PT. Pois devido a desavenças pessoais e políticas ainda nem tão bem explicadas havidas entre os dois tucanos, agora o político sem partido Almir sobe nos palanques do PT contra seu ex-sobrinho político.
Como pode um homem dar-se a tal testemunho contra si próprio, é algo que só vemos na política. Basta dizer o quanto Almir, já um homem de idade, foi achincalhado, caluniado e difamado pelo PT, tendo a própria Ana Júlia já dito em alto e bom som pela tv e pelas ruas que ele não passava de um velho esclerosado. Ambos os governos, os dois mandatos de Almir e o do sucessório Jatene, podem ter sido considerados razoavelmente bons, muito embora o tom estatista e coletivista predominante. Contudo, foram gestões marcadas pelo respeito ao erário, pelas boas práticas administrativas e por boas obras. O que Almir faz voltando-se contra seu ex-pupilo não é vingar-se dele, mas defenestrar tudo aquilo que ele mesmo protagonizou.
Que dois marmanjos velhos se desentendam e quiçá se matem por suas fruticas, isto é o de menos. O problema está com todas as pessoas que os seguiam, esperando deles liderança e coerência, e que agora se sentem como palhaços. Neste embate, quem era defensor de ambos agora tem de optar por um e a chance de isto repercutir sobre seu emprego é grande, especialmente se for um servidor público ou fornecedor do estado. Uma sociedade que vive segundo as fogueiras da vaidades dos homens públicos não vive em paz, não prospera e não tem moral nem lei.
A história da liberdade é a das pessoas pacatas em fuga tentando se livrar da prepotência dos políticos e de suas espúrias ambições de poder. Não foi por acaso que a Revolução Industrial teve nascimento na Holanda. Aos mais ignorantes em história pode parecer difícil a associação, mas o fato é que este que hoje é um belíssimo país há três séculos não passava de um fétido mangue, um lugar tão sombrio que o rei da França e outros déspotas ao redor não faziam tanta questão de mandar para lá as suas tropas afundarem até os joelhos na lama para achacar e extorquir as pessoas em busca de impostos, nem persegui-las por suas convicções religiosas. Grosso modo, o mesmo se deu com os Estados Unidos, e em menor parte com os demais países do continente, inclusive o Brasil, com seus imigrantes a cada dia movendo-se mais a oeste para escaparem à sanha tributária, às desapropriações e às convocações.
Ocorre, porém, que não temos mais para onde ir. Ou será que ainda nos sobra o continente antártico? Ou domamos os projetos totalitaristas dos políticos, ou seremos seus servos, e para isto tanto faz votarmos no momento atual em Serra ou Dilma. Para tanto, devemos, em primeiro plano, assumir a convicção de uma atitude anti-política, e em seguida, organizar as instituições anti-políticas. Como já disse, o impostômetro e o Dia de liberdade dos impostos são ações anti-políticas, e os movimentos "Pela Legítima Defesa" e "Escola sem Partido" são dois bons exemplos de instituições.
Principalmente aos empresários mais perdidos na realidade, estes que ficam ingenuamente a patrocinar ações de "responsabilidade social", seria uma ótima oportunidade para fazerem algo em prol de si mesmos e de toda a população.
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