Perde-se a guerra, ganha-se a causa?

Por Klauber Cristofen Pires

Prezados leitores,

Não obstante a venalidade ou mera incompetência dos diversos institutos de opinião, a minha intuição indica que a vitória cairá para Dilma Roussef. Para mim, particularmente, não faz tanta diferença assim, já que ambos não representam necessariamente as minhas convicções. Cumpre, entretanto, realizar alguns prognósticos para os próximos quatro anos.

Longe da anunciada vitória folgada, assistimos à campanha do segundo turno e com ela um estreitamento contínuo da diferença entre os dois candidatos. Que as urnas elejam a candidata-biônica, devemos reconhecer que o PT fez a lição de casa: não deixou de fazer propaganda político eleitoral nem por um minuto desde os último oito anos, ou quiçá, desde os últimos 40 anos.

A campanha de Serra, por sua vez, viu-se turbinada por uma reação que, ao contrário do que afirmam as mídias mais tendenciosas, e em especial a revista Istoé, não partiu de seu comitê, mas de uma recém-desperta fatia do eleitorado mais conservador, em uma autêntica escolha por exclusão. Pena que tenha sido tão intempestiva. Viesse antes e teríamos algumas esperanças mais concretas.

Não obstante, o que enxergo desta campanha é o desgaste pela primeira vez impingido á sigla da estrela vermelha. Nos dois pleitos anteriores, mesmo tendo havido dois turnos, a vitória de Lula foi amplamente divulgada como a maior festa da democracia já havida em nossa história; foi o tempo em que a esperança venceu o medo, fazendo uso aqui das próprias palavras de Lula; enfim, foi o tempo em que ele tinha em suas mãos praticamente toda a imprensa, a Igreja Católica, e a classe artística e intelectual.

Diria que desta vez foi diferente: se êxito houver, terá sido com perda considerável de sangue. O PT já não tem nomes "limpos" para aparecer no eventual staff dilmista: ficaram os do segundo e terceiro escalão. Do lado das religiões, houve um rompimento de difícil cerzimento, mesmo para a vermelhíssima CNB do B, contra quem o PT já anunciou como inimigo até mesmo o Arcebispo Dom Evaristo Arns. Francamente não sei como será o futuro desta instituição que silenciosamente por décadas se fez passar de forma impostora como autêntica porta-voz da Igreja Católica no Brasil, mas de todas as formas, não lhe antevejo bons augúrios.

Do lado dos intelectuais, temos o manifesto em defesa da democracia, encabeçado por gente que fundou o PT, entre eles o jurista Hélio Bicudo e da parte dos artistas, nunca tinha ouvido a uma declaração tão contundente quanto a que o humorista Marcelo Madureira proferiu no programa Manhattan Connection contra a pessoa do Sr Lula da Silva, a quem xingou de "vagabundo, picareta e impostor", que "não vale nada" e ainda, que o país vai demorar "gerações" para se recuperar do "mal" causado por Lula. "Eu quero desmistificar esse picareta que está na Presidência da República", encerrou.

Se até aqui o caminho não é mais aquele cercado de flores, a briga com a imprensa promete o fim da graciosa propaganda colaboracionista.

Por fim, se uma lição resta à classe política, é a de que faz muito mal à saúde aliar-se ao PT. Que o digam Jader Barbalho, Antonio Carlos Magalhães, Fernando Color de Mello, o bobo da corte Ciro Gomes e por muito pouco, o ex-presidente da República José Sarney.

Não é à toa que Lula com seu partido andam apressados em aprovar suas leis e programas, especialmente no tocante ao cerceamento da liberdade de expressão, como andam iniciativas deste teor em quatro estados do Nordeste e ainda mais as Minas Gerais. É que o timing para a implantação da revolução está acabando. O estoque de mentiras não desmascaradas diminui a cada dia e as consequências desastrosas de sua gestão improba vão aparecer a qualquer momento, a cair no colo do PT  antes que a revolução tenha a força suficiente para calar as bocas por calar as baionetas.

À parte de tudo isto, um autêntico movimento liberal-conservador vai devagarinho crescendo, desmascarando as mentiras dos petistas e dos seus assemelhados. De nossa parte, continuaremos aqui, perseverando em defesa da vida, da propriedade e da liberdade.