Por João Bosco Leal
Aqueles filhos que, por motivos diversos, são criados sem qualquer excesso, costumam estar melhor preparados para a vida, motivo pelo qual, não superprotegendo os filhos, não lhes dando tudo o que pedem, estaremos melhor preparando-os para o mundo, quando por perto já não estivermos.
Tenho observado bastante o resultado obtido pelos pais ante a grande variedade de tipos de educação de filhos atualmente utilizada no país, principalmente depois que até o Estado se envolve na educação.
Nessas observações, constato com muita facilidade que, salvo raríssimas exceções, quanto mais os pais são permissivos, liberais, pior é o resultado colhido no preparo dos mesmos para a vida, que, afinal, penso ser o objetivo buscado por todos os pais.
Na atualidade, são tantos os desvios que podem ser tomados pelo jovem, como drogas, promiscuidade sexual, bebidas, vícios diversos, além, é claro, do desrespeito total ao sistema social constituído, que seria até difícil tentar enumerá-los nesse texto.
Entretanto, qualquer que seja o desvio imaginado, noto que eles ocorrem com maior facilidade em lares mais liberais, ou mesmo naqueles onde os pais trabalham fora e, como compensação aos filhos por sua ausência, acabam tentando "comprá-los" com maior permissividade, dando tudo o que pedem.
Em geral, não se vê mais uma participação ativa dos pais modernos na vida de seus filhos. Os pais estão sempre muito ocupados para poder comparecer a um jogo de futebol, uma apresentação de balé, uma prova de natação disputada com outros colégios, enfim, nas conquistas e derrotas do filho.
Parece-me que esses pais entendem que, pelo simples fato de levarem e buscarem seus filhos na escola, já estariam cumprindo seu papel como pais. Os filhos precisam de muito mais. Precisam principalmente de um porto seguro, onde poderão atracar com suas dúvidas, problemas, aflições e paixões, e lá terão guarida.
Está no caminho certo o pai que repreende quando necessário, mas que lá está, presente, apoiando o filho em suas dificuldades, seus erros e questionamentos. Que dá segurança, que é o amigo com quem o filho conversa sobre o time de futebol e também sobre a namorada, algum erro que cometeu, ou sobre o amigo que fuma, bebe, ou o que apareceu na escola com drogas.
Mais do que ser pai, ele só terá certeza de que está acertando ou que acertou na educação do filho, quando começar a perceber neste um amigo, de quem ouve sobre tudo, e tenta, como amigo, a busca de soluções. Esse pai, no futuro, será também quem falará sobre tudo com esse filho já adulto e, juntos, buscarão soluções agora para aflições e dúvidas do pai. Estará aí se completando o ciclo, quando o pai é que buscará no filho um porto seguro.
Precisamos educar nossos filhos para a vida e não para serem eternamente filhos, dependentes dos pais ou de outros, até porque, cronologicamente, os pais irão primeiro, e eles não terão mais a quem recorrer. Dar ao filho significa impedi-lo de tentar ganhar sozinho, com o próprio esforço. É tirar dele a oportunidade do aprendizado, que o ensinaria a ganhar e faria com que valorizasse o que possui, pois saberia quanto custou.
O pai que dá, acaba, portanto, atrapalhando o amadurecimento do filho, que, quando não tiver quem dê, não saberá ganhar, pois nunca precisou, e estará então em grandes dificuldades, porque na vida todos estarão buscando ganhar o seu, seja o necessário ou o supérfluo, e nunca estarão dispostos a dividir com quem nada fez, o que lhes custou.
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