segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As multinacionais e os brasileiros

Por João Bosco Leal

O problema das multinacionais que se instalam no Brasil é exatamente esse, são empresas modernas, que cumprem as leis e instalam diversas vagas especiais para os que dela necessitam, mas contratam mão de obra de brasileiros, que não sabem o que é respeito ou que devem cumprir as leis. 
Sem a menor intenção de discutir a instalação ou não de empresas multinacionais no país, tão criticadas e renegadas pelos radicais da esquerda socialista que hoje governam a grande maioria dos países da América Latina e do Caribe, pretendo aqui simplesmente comentar fatos por mim constatados.

Quer queiram ou não os socialistas, penso que grandes empresas só têm a nos ensinar, com seu sucesso e também com seus raros fracassos, até porque, se chegaram a esse tamanho, foi por competência, além de criarem milhares de empregos e de pagarem milhões em impostos no Brasil.

Tenho visto várias empresas americanas passarem por dificuldades diante da concorrência das europeias e principalmente das asiáticas, como é o caso das indústrias de veículos e motocicletas. Essas indústrias americanas sofreram porque outras foram mais competentes, seja por tornar seus veículos mais compactos sem dispensar toda a tecnologia disponível, ou por construí-los mais econômicos e menos poluentes, o que parece continuar não incomodando os americanos.

Por outro lado, a competência dos americanos pode ser facilmente constatada por se encontrar, em todos os continentes, o estilo americano de vida, como na indústria cinematográfica, com seus filmes e grandes redes de cinemas, nas redes de lanchonetes, os shopping centers, nas grandes redes de magazines e de supermercados, nas calças jeans e em muitos outros exemplos que nem poderemos citar.
Porém, o maior problema encontrado por essas empresas no Brasil é o próprio brasileiro. Na grande maioria dos casos, ele não está preparado para trabalhar com ou em uma empresa americana, e hoje tive mais um exemplo de como isso é triste, mas real.

Sempre comento, com elogios, a grande quantidade de vagas de estacionamentos que as empresas multinacionais, principalmente as de grande fluxo de pessoas, como os supermercados, destinam aos idosos e deficientes físicos, coisa inexistente ou insuficiente nas outras redes brasileiras, que não têm esse costume, do respeito a essas pessoas, mesmo contrariando as leis, que existem, mas não são cumpridas em nosso país, como a da acessibilidade, que exige 5% das vagas em estacionamentos para essas pessoas.

Isso é uma coisa básica, trivial para os americanos, que, em qualquer tipo de empreendimento que realizem, e, claro, ao se instalarem no Brasil, aplicam aqui esse costume. Como os brasileiros não estão acostumados com regras e com o cumprimento das leis, e geralmente não possuem sequer educação suficiente para frequentar locais onde estas são respeitadas, é comum encontrar essas vagas ocupadas por pessoas que dela não necessitam, por não serem idosas ou portadoras de nenhum tipo de dificuldade de locomoção.

Confesso que anteriormente sequer notava esse tipo de desrespeito, apesar de nunca haver ocupado uma vaga destinada a essas pessoas,mas, como agora pertenço a esse grupo, noto essas infrações à distância e, quando as vejo, costumo colocar, nos pára-brisas desses veículos, uma folha de papel A4 que já carrego no carro, que diz: "Esta vaga é destinada aos deficientes físicos e não mentais, entendeu?".

Penso que é uma forma de chamar a atenção do cidadão para a infração cometida e, normalmente, encontro pessoas que riem, acham graça e uma boa ideia. Hoje, porém, ao colocar essas folhas nos veículos estacionados indevidamente nessas vagas, fui abordado pelo segurança do estacionamento de uma dessas grandes redes multinacionais, dizendo que não podia fazer aquilo, pois o gerente havia determinado a ele que não permitisse mais isso, pois criava problemas entre o supermercado e seus clientes.

Notei que o segurança que ali estava tinha ordens de impedir esse meu comportamento, certo ou errado, mas não tinha ordens para também impedir que os não idosos ou não deficientes estacionassem nas vagas a estes destinadas. Permite-se, assim, a infração, mas não quem tente alertar os infratores.

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