Ludwig von Mises afirmava acertadamente que a história nunca se repete: sempre entra algum ingrediente novo nas circunstâncias, nos motivos ou nos meios. Parece que as esquerdas perderam o seu timing. Ora, ora, que saudades melancólicas daqueles tempos em que se podia fazer uma revolução em paz.
Ano de 2003: passados seis meses de governo sem ter dado sequer uma declaração ou entrevista espontânea à imprensa, o Presidente oriundo do Partido dos Trabalhadores organiza uma entrevista coletiva preparada com todos os rigores do protocolo cubano: apenas uma pergunta por repórter, enviada com antecedência e selecionada previamente pela equipe do Cerimonial. Nada de réplicas. À última e única pergunta que poderia ter significado alguma crítica ou questionamento sobre a qualidade do seu governo, Lula responde cinicamente que o seu único arrependimento foi o de não ter feito tantas coisas boas quantas gostaria de fazer. Lula não queria papo com o Brasil. Só foi querer quando explodiu o mensalão. Até lá, a imprensa não passava de uma extensão do Diário Oficial ou pior, um apêndice do seu partido.
De lá para cá, mentir tem ficado mais difícil. Até poucos anos atrás, flagrantes de contradição ou de malfeitos dependiam do acesso a arquivos de acesso restrito, que muito bem podiam ser monitorados na fonte, i.e., nas edições das grandes redes de tv, bem como, por isto mesmo, dependiam também de recursos financeiros elevados para serem divulgados. Os magnicídios cometidos nos regimes comunistas soviético, chinês e cambojano puderam ser acobertados pela simples monitoração de uns poucos diplomatas e jornalistas para lá enviados e convenientemente cercados de cenas pré-fabricadas ou simplesmente subornados.
Entretanto, com a chegada do You Tube e outras facilidades semelhantes, basta um reles aparelho celular na mão de qualquer um para que em pouco tempo a notícia - ou a memória dela - sejam compartilhadas por milhares ou milhões de pessoas. É esta imensamente disseminada liberdade criada pelo capitalismo o que assusta o PT e o que faz propugnar pelo que chama de "controle social" dos meios de comunicação.
Não fosse por isto, de que outro modo poderíamos comprovar com os nossos próprios olhos a fala de Lula a se declarar contrariamente aos benefícios que deram origem ao bolsa-família, acusando os pobres de votarem "com o estômago", e logo em seguida confrontar o mesmo protagonista em outra situação, desta vez como Presidente, a afirmar que tem gente que tem "raiva de pobre" e que chamam o benefício de esmola?
Será que, com a tv pautada pelo partido hegemonista, teríamos o largo acesso às imagens de Dilma Roussef afirmando categoricamente ser favorável à legalização do aborto e logo em seguida confrontar tais imagens com as gravações recentes em que se finge de pia cristã devota do santo-do-pau-oco?
Como teríamos tido conhecimento da íntegra dos pronunciamentos do Pastor Piragine Jr, do Arcebispo da Paraíba, e das homilias dos Padres Paulo Ricardo e José Augusto? Só para constar, juntos, estes vídeos já ultrapassaaram milhões de acessos, enquanto que absolutamente nenhuma rede de tv os divulgou até o presente momento.
Tenho que o PT perdeu o timing para fazer a revolução tão esperada. Entrou um fator novo, a demonstrar por imagens auto-evidentes o que mil palavras não bastariam. Em 2002 e 2006, este fator novidadeiro já existia, mas não na profusão dos dias atuais.
Cuidado, ó jornalistas engajados e vendidos! Cuidado, ó jornalistas negligentes! Agora vocêm devem mostrar seus serviços, pois a falta deles...pode não fazer falta! Cuidado, enfim, ó brasileiros, eis que nunca tiveram tantos instrumentos à disposição para enxergar as mentiras, falcatruas e iniquidades perpetradas pelo Partido dos Trabalhadores e suas siglas congêneres.
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