Prezados,
Trago do livro infantil "Bruxas, Magos e Duendes", de John Patience, uma ilustrativa fábula, por oportuna face ao momento em que estamos vivendo. Lá vai....
Jack era um garoto muito podre. Ele ganhava seu sustento tocando música na rua. Usava uma velha roupa esfarrapada, mas tinha um sorriso feliz. As pessoas ricas da pequena cidade zombavam dele, quando passavam em suas carruagens. Chamavam-no de Jack Pobretão. Mas ele não se importava. Fanhava o suficiente para comprar comida, bebida e pagar a sua moradia.
Um dia, um feiticeiro apareceu na cidade onde Jack morava. Em pé, na praça, o feiticeiro abriu os braços e fez surgir um tremendo relâmpago.
- Eu sou o senhor de todos vocês - griyou ele. - De agora em diante, serão meus escravos. trabalharão para mim e cuidarei para que tenham comida e roupa. Mas, se não obedecerem, morrerão!
Não havia escolha, tinham de obedecer a ele. O feiticeiro ordenou aos moradores da cidade que construíssem, na praça, uma enorme torre de ouro brilhante para ele morar. E manteve-os trabalhando dia e noite. Então, quando a torre ficou pronta, passou a morar ali. Da varanda, no alto da torre, podia vigiar toda a cidade e certificar-se de que ninguém desobedecia às suas leis. Estas eram algumas delas:
É expressamente proibido rir ou gargalhar.
É proibido às crianças brincar nas ruas.
É proibido ouvir música.
As pessoas obedeciam a todas essas terríveis leis. Em troca, o feiticeiro lhes dava comida, que não tinha gosto de nada e não matava a fome de ninguém, e ropupas sem graça que não as aqueciam.
Finalmente os moradores da cidade não podiam aguentar mais. Eles se juntaram na torre dourada para tramar contra o feiticeiro.
- Estamos infelizes - lamentavam. - Suas leis são estúpidas e sem sentido.
Aquilo enfureceu o feiticeiro que, com um gesto brusco, convocou três monstros enormes, os ogros. Eles aleaçavam todo mundo e patrulhavam a cidade para certificarem-se de que ninguém teria idéias tolas sobre ser feliz.
Mas por onde andava Jack Pobretão? Bem, agora duvido de que houvesse em toda aquela infeliz cidade alguém mais infeliz do que o pobre Jack. Ele já não podia tocar flauta nas ruas, seu sorriso alegre havia desaparecido como o sol atrás de grandes nuvens negras. Mas Jack era corajoso e decidiu visitar o feiticeiro . "Afinal", pensou Jack, "eu não tenho nada a perder". O feiticeiro tornou as nossas vidas tão miseráveis que nada mais vale a pena".
Jack bateu com força na porta da toprre dourada e logo o feiticeiro apareceu.
- O que você quer? Por que não está trabalhando como as outras pessoas? - rugiu ele.
Todos vinham trabalhando exaustivamente numa escultura gigantesca do feiticeiro, que pairava no alto, envolvendo a cidade. E constantemente eram vigiados pelos teríveis ogros.
- Não estou interessado em esculpir estátuas. Quero tocar a minha flauta nas ruas como costumava fazer - respondeu Jack, corajosamente.
Ao ouvir isso, o feiticeiro deu um berro, furioso. Cantarolando um feitiço, transformou-se num terrível dragão cuspindo fogo. Qualquer outra pessoa teria fugido, mas Jack manteve-se no lugar. Ele notou algo no feiticeiro. Sua mágica era apenas ilusão e não tinha substância. A comida que ele dava não enchia o estômago das pessoas nem matava sua fome. As roupas não as aqueciam. E, pensando bem, aquele relâmpago que ele fez surgir atingiu um cachorro e nem o aranhou.
Jack decidiu testar a sua teoria. levando a flauta à boca, começou a tocar, e enquanto a música proibida enchia o ar, o monstro começou a encolher cada vez mais até ficar menor do que um rato.
- Saia daqui ou vou...vou... Não sei o que vou fazer! - gritou o feiticeiro.
- Você é um impostor - disse Jack e começou a rir.
O feiticeiro ficou mortificado. Ninguém mais ousara rir dele. Jack apunhalou-o com uma faca. Ele soltou um grito horrível e foi desaparecendo, começando dos dedos dos pés e subindo pelo corpo, até que...finalmente, sobrou apenas a sua cabeça flutuando no ar. Então, tornou-se uma névoa e foi soprado pelo vento. E nunca mais se ouviu falar dele.
Imediatamente, os ogros desapareceram, e todos ficaram livres novamente. As crianças brincavam nas ruas, as pessoas sorriam e Jack pôde ocar a sua flçauta. Na realidade, os moradores queriam elegê-lo prefeito e vesti-lo com roupas finas, mas Jack recusou a proposta. Você pode achar que era bobagem, mas ele estava feliz daquela maneira. A propósito, as pessoas pararam de chamá-lo de Jack Pobretão. Ele agora era Jack Feliz.
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