Jornalista Celso Ming, do Estadão, defende mais Keynes para crise europeia. Charlatão!
Por Klauber Cristofen Pires
Em
sua coluna no Estadão do dia 13 de novembro de 2011, o jornalista
Celso Ming perfila tamanho rol de sandices no artigo “Apertar
ou desapertar”
que quase me vejo sem saber por onde começar a desmascará-las.
Como é que jornalistas
feitos e famosos entregam-se à sabujice ideológica em detrimento do
dever de dizer a verdade é uma daquelas perguntas dignas de serem
feitas a um bom psiquiatra – ou a um bom detetive.
Em todo caso, se prosperam,
não é por outro motivo que não um confortável senso de
segurança, dada a ausência de perigo à exposição pública, por
falta de quem em meio à multidão lhe aponte o dedo e diga em claro
tom: - falastrão! Impostor! Falsário!
Todavia, os tempos estão
mudando: embora a diferença brutal de leitores entre os figurões da
grande mídia tradicional e articulistas voluntários como este que
por ora se vos apresenta, pode-se dizer que algum efeito benéfico já
se constata. Um viva à liberdade de expressão!
Assim ele começa :
“Por
todos os cantos da Europa repete-se uma pergunta intrigante: se os
programas de austeridade e de sacrifícios afundam ainda mais as
economias nacionais na recessão, no desemprego e na queda de
arrecadação, por que, então, insistir nessa receita idiota que,
além de piorar as coisas, tende a provocar graves distúrbios
políticos?”
Duvido
que tal pergunta esteja de fato sendo proposta nestes exatos termos
por todos os cantos da Europa. Parece-me mais tratar-se de questão
levantada pelo próprio autor, que assim age estrategicamente para
parecer isento. Ademais, seria cedo demais para as pessoas começarem
a duvidar da eficácia de medidas de contenção cuja implementação
mal teve início. Vamos adiante:
Questão
subsequente: por que, em vez desses insuportáveis programas de
arrocho e de desestabilização, não aproveitar a velha e
bem-sucedida recomendação do maior economista do século 20, John
Maynard Keynes, e incentivar despesas públicas que criem renda e
impulsionem o consumo, a produção e o emprego?
Essa
última foi uma política anticíclica vitoriosa no New Deal acionado
pelo então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, que, a
rigor, tirou a economia americana da Grande Depressão. E foi
vitoriosa depois na Europa destruída pela 2.ª Guerra, quando os
Estados Unidos providenciaram o Plano Marshall, que financiou a
reconstrução e a retomada da atividade econômica no continente.
O
autor pode se enganar a respeito da (d)eficiência do keynesianismo
- confiro-lhe tal direito, mesmo tendo em conta que sua idade deveria
lhe dotar de mais juízo. Não lhe estendo o benefício, porém, por
vender peixe podre aos leitores, mediante o uso da mentira e da
desfaçatez: como um experiente jornalista de economia fala uma
monstruosidade dessas e omite do público o fato de que a moeda
fiduciária de curso forçado, o sistema de bancos centrais e de
reservas fracionárias, as políticas protecionistas e o welfare
state
constituem concepções rigorosamente de Keynes e da sociedade dos
socialistas fabianos da qual ele fazia parte?
Só
para ficar bem claro, uma das mentiras mais difundidas pela
propaganda esquerdista por meio da mídia e dos livros escolares e
acadêmicos é o de que o New
Deal solucionou
o problema da depressão de 1929. Coisa nenhuma! Roosevelt criou um
sem-número de agências reguladoras que imobilizaram a economia
americana, estabelecendo cotas de participação das empresas no
mercado, tabelando preços ou criando preços mínimos e subsídios
concedidos mediante extorsão eleitoreira para que empresas e
fazendeiros, acreditem se puderem, não(!) produzissem. Além disso,
praticou forte protecionismo, tendo imposto cotas de importação,
barreiras tarifárias e quarentenas, o que criou enormes dificuldades
para as balanças comerciais da Europa e do resto do mundo, inclusive
do Brasil. Muito longe de ter resolvido a crise, o New
Deal,
de inspiração keynesiana, a prolongou, tornou mais cruel o
sofrimento dos cidadãos e contribuiu em grande medida para a eclosão
da 2ª Guerra Mundial.
Como
dizem os italianos, “andiamo”:
Ao
contrário do que diz muita gente que assimilou mal os ensinamentos
de Keynes, esses programas não consistiam em expandir
permanentemente despesas correntes dos governos, mas, sim, em
estimular grandes investimentos, geralmente em obras de
infraestrutura, que se encarregassem de gerar encomendas e de
mobilizar capacidades ociosas, ou seja, de empregar mão de obra
parada para criar renda e ajudar a colocar em marcha uma economia
estagnada pela crise. Quando terminavam, esses projetos não eram
retomados. Eram investimentos tipo once
for all,
como dizem os ingleses.
Como
fã de carteirinha, Ming defende seu ídolo apresentando-o como um
“incompreendido” e destaca que sua receita é de dose única,
apenas o suficiente para “estimular grandes investimentos,
geralmente em obras de infraestrutura”. Porém, como houve em seu
texto de se fazer de bobo perante todo um histórico recorrente de
expansões monetárias sem lastro protagonizadas pelos perdulários
governos europeus, bem como à concessão estelionatária de créditos
sem reservas pelos bancos com estes mancomunados?
O socialista da terceira
via, pelo visto, desconhece a diferença entre “produzir”
empregos e “gastar” empregos. O problema de toda cabeça
contaminada pelo fungo do Iddiotismum marxistae tem sido
justamente este, o que seja, imaginar que o julgamento de
conveniência e oportunidade que os políticos fazem sobre tais
inversões é melhor do que o dos particulares.
Ledo engano: empresários
investem em seus negócios, ampliando-os e gerando novas frentes de
trabalho, isto é, “produzindo” empregos, sendo que todas as suas
ações sujeitam-se ao critério dos consumidores, estes sim os que
decidem em última instância sobre o que é mais urgente e
necessário produzir.
Os políticos, a revés, não
dependem de consumidores, vez que os recursos com que se financiam
são tomados à força por meio dos tributos, motivo pelo qual suas
obras - que “gastam” empregos – não são decididas com a
finalidade de obtenção de lucros, mas de votos, daí preferirem os
empreendimentos mais ostentativos e supérfluos: aí estão o
trem-bala e as obras para a Copa e para a Olimpíada, como exemplos
cabais.
O keynesianismo é o ópio
dos órfãos de Karl Marx: como uma verdadeira droga, a política
fabiana de estímulo ao consumo provê uma sensação temporária de
bonança e prosperidade, dado que se vê em todos os lugares rostos
felizes comprando casas, carros e eletrodomésticos ou viajando a
passeio. Todavia, quando os recursos acabam e a dívida generalizada
e crescente exige sua satisfação, a falta de investimentos causada
pela rapinagem da poupança requer a necessidade de mais injeções
do papel pintado, daquele que os governos chamam de moeda e nos
impõem o uso sob pena de prisão, mas que no entanto, provocam
períodos de êxtase cada vez mais breves e depressões
progressivamente mais profundas.
Nos
últimos parágrafos, por fim, o periodista reconhece que não há
mais espaço para que o plano infalível do britânico seja repetido,
ao que apresenta uma possível saída:
“Tudo
indica que as coisas têm mesmo de começar com emissões de moeda
pelo BCE para recomprar títulos públicos hoje rejeitados.”
Como
assim? Mais expansão monetária? Será que Ming, por meio de tão
infeliz afirmação, percebeu que tornou a recomendar Keynes em ato
contínuo ao de tê-lo descartado? Será que desconhece que a Casa
da Moeda é a incubadeira do dragão, e este, por sua vez, é o
fiscal da Receita Federal, vestido à paisana?
Não
há nada na economia de um país que divirja da de um lar, a não ser
as proporções. Ludwig von Mises tinha a dona-de-casa como o modelo
de economista por excelência. Ora, se uma família em crise precisa
ajustar suas contas gastando menos dinheiro do que produz, porque
alguém haveria de propor para uma nação o aumento do consumo e do
endividamento? A resposta pode bem estar no estilo de vida pessoal
que Lord John Maynard Keynes adotava, de modo que o horizonte de sua
visão de futuro não lhe distasse mais que alguns anos, o que lhe
permitiria dizer: “dane-se o mundo que não me chamo Raimundo”.
Para
que não haja confusões conceituais, defendo que a crise europeia –
assim como o Brasil, cujo destino seguirá o mesmo caminho se nada
for feito – depende sim de austeridade fiscal dos governos, mas
também da extinção do papel-moeda de curso forçado sem lastro,
dos bancos centrais e do sistema bancário de reservas fracionárias;
do alívio da carga tributária e da intervenção estatal sobre a
atividade produtiva, e principalmente, do fim do estado
previdenciário que gasta com empregos desnecessários e sustenta
gordas aposentadorias e benefícios sem riqueza suficiente para
mantê-los.
Uma
luz no fim do túnel – luz não, um lampejo ou uma faísca - ouvi
de um discurso recente da Primeira-Ministra Angela Merkel, no sentido
de que as futuras gerações não podem ser sacrificadas por governos
irresponsáveis e pródigos. Como diz o ditado, “a fome ensina a
pescar...”.
Por
fim, termino com uma recomendação ao Sr jornalista Celso Ming: - vá
criar vergonha na cara!
P.S.:
Para
quem quiser conhecer um excelente trabalho sobre a vida e a obra de
John Maynard Keynes, recomendo o excelente artigo “A
teoria econômica de Lord Keynes e a ideologia triunfante do nosso
tempo”
.
Klauber, experimente deixar um comentário no blog do historiador Marco Antônio Villa sobre como o New Deal retardou a recuperação americana da Grande Depressão. Veja se ele publicará ou vetará o comentário.
ResponderExcluirAbraço.
http://www.marcovilla.com.br/2011/10/crise-de-1929.html
Postei. Vamos ver...
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