No programa semanal radiofônico levado
ao ar no dia 07 de novembro de 2011, que leva o nome de “Café com
a Presidenta”, a mandatária Dilma Roussef declarou
que “a
crise econômica mundial, que está abalando, principalmente, os
países da Europa e os Estados Unidos, não pode ser resolvida com
desemprego e muito menos com a redução dos direitos trabalhistas. A
questão do desemprego é extremamente preocupante”.
Preliminarmente,
manifesto meu ceticismo de que a suprema mandatária do país tenha
formulado uma frase tão complexa de improviso. Deve ter lido o que
lhe escreveram, pelo que já merece nossos aplausos.
Agora
sim, quanto ao problema do desemprego, é que vamos fazer uma pequena
análise. Para tanto, peço ao leitor para perceber como se exerce o
modus
operandi
característico da mentalidade burocratista-intervencionista do PT e
de toda a esquerda:
Por
meio de dados estatísticos, colhe-se um dado qualquer, e se por
alguma razão os barbudos de carteirinha entendem que os números não
estão satisfatórios, põem-se-lhes a impor a tal medida corretiva
estatal que creem fanaticamente como necessária e vital para
corrigir “as distorções da sociedade”.
A
coisa funciona assim mesmo: determinada pesquisa constatou que a
maioria dos jovens que não conseguem emprego não possuem nenhuma
experiência no mercado de trabalho. Então os sabichões coçam
aquelas cabeças infestadas de piolhos e fedendo a maconha fumada e
chegam à conclusão “ - Ah, o problema então é este?” Pois
vamos inventar uma simulação de empreguinho que sirva para constar
no currículo da garotada...
Obviamente,
nenhum deles raciocinou que os jovens sem experiência profissional
não foram excluídos por falta de experiência, mas preteridos em um
mercado limitado justamente por outras intervenções estatais
anteriores. Se acaso todos tivessem alguma experiência profissional,
ainda assim seriam contratados os mais experientes, e deixados para
trás os de currículo mais tímido. É assim que funciona.
O
problema é que toda intervenção estatal desemboca numa deturpação
das condições preexistentes, gerando com isto novos problemas. De
fato, como este articulista já havia anunciado, um apoio explícito
do estado que crie privilégios para que jovens obtenham seu primeiro
emprego em uma economia estática ou cuja dinâmica seja insuficiente
para absorver toda a oferta de mão de obra só pode resultar no
último emprego para os mais velhos. Agora adivinhem onde o governo
vai jogar os panos para conter o alagamento incessante? Claro, no
aviso-prévio, isto é, criando dificuldades para a demissão sem
justa-causa.
No
final, a economia restará tão cheia de arames, remendos e durepóxi,
que nenhuma previsibilidade pode ser possível, nenhum acordo
cumprível, nenhum preço praticável, nenhuma inovação imaginável.
Como
uma cega falando para míopes, a tentação de Dilma Roussef em
emular o besteirol inconsequente do seu padrinho político já lhe
rende, quando muito, os bocejantes ouvidos protocolares no exterior,
e conquanto os esforços da mídia nacional em fazer de tais micos
notícias ufanistas por terras canarinhas ainda lhe valham a
popularidade que desfruta, a verdade é que sempre a economia – o
mercado - é que há de gerar os empregos, e nunca o contrário. É o
cachorro que abana o rabo, e não o rabo que abana o cachorro.
O
socialismo chegou atrasado nos Estados Unidos. Na terra onde as leis
trabalhistas foram por primeiro inauguradas, quando estas chegaram
impondo o salário mínimo, os americanos já recebiam em média
muito mais; quando vieram as leis impondo o uso de equipamentos de
proteção individual – EPI's, os nativos daquelas bandas há muito
já faziam uso deles, bem como de seguros de vida e contra acidentes
totalmente privados; quando foram promulgadas as leis que proibiam ou
limitavam o trabalho infanto-juvenil, os jovens americanos já há
muito estavam na escola.
Invenções
tipicamente americanas tais como o supermercado com o sistema
pegue-e-pague, a lanchonete na qual você mesmo descarrega a bandeja
no coletor de lixo, o posto de gasolina onde o próprio condutor
abastece seu carro e as máquinas de refrigerantes, de sopas e de
outros tipos de alimentos, nasceram de uma necessidade criada nos
séculos XVIII e XIX – a de conciliar a extremamente alta
produtividade da economia com a cada vez mais limitada oferta de mão
de obra.
Em
outras palavras, não havia tantos americanos nascendo que pudessem
continuar a ser utilizados nas tarefas mais comezinhas. Os salários
começaram a ficar muito altos que alguém pudesse desperdiçá-los –
por exemplo – para guarnecer uma bomba de gasolina.
No
Brasil, ao contrário, o excedente populacional em relação ao
aventureiro empreendedorismo sempre ensejou as políticas
trabalhistas. Aqui, é proibido vender combustível sem contratar
frentistas. Esta não é uma lei de segurança de abastecimento: é
uma lei trabalhista. Igualmente, na grande nação do norte, a
tradição libertária, que defende a em primeiro lugar a autonomia
do indivíduo, permite-lhe, segundo sua própria consciência, optar
por se defender sozinho perante um tribunal ou valer-se de um
advogado. No Brasil, isto é proibido, porque a lei atende a um
objetivo que não é o direito ou a defesa do cidadão, mas sim o da
garantia de emprego aos advogados.
Esta
é a receita que D. Dilma eloquentemente tem bradado alhures, e que
nem ao certo temos certeza se ela acredita no que fala, já que mais
parece estar constante e desconfortavelmente desempenhando um papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.