O cristianismo nos ensina aceitar a dor como parte da vida e da existência. E da dor extrai-se alguma lição moral de superação e dignidade. Dignidade que é intrínseca ao ser humano, independentemente do seu estado.
Confesso,
há certos blogueiros que servem de malhação de Judas, de nosso
saco de pancadas. Eles apanham, não somente pelos posicionamentos
ideológicos, como pela superficialidade com que divagam sobre
assuntos complexos. A república brasileira é, atualmente, o paraíso
dos palpiteiros. Recentemente, no dia 15 de abril de 2012, participei
de um debate sobre capitalismo e socialismo, no programa do site
Rádiovlogs, do vlogueiro Daniel Fraga. E uma deficiência que vejo
na fala de certos interlocutores é a velha expressão “eu acho”.
. . As pessoas dificilmente explanam fatos, realidades,
acontecimentos, que justifiquem suas idéias. Simplesmente parece que
conjecturar sobre capitalismo ou socialismo é pura defesa de gosto.
Já transformei vários blogueiros em saco de pancadas. Um deles foi o professorzinho esquerdista da PUC, Leonardo Sakamoto. A desonestidade intelectual dos seus argumentos e o puxa-saquismo governamental foram causas de alguns artigos nada elogiosos do meu blog. E há também Rodrigo Constantino. Curioso notar que ele se identifica como liberal. Todavia, sendo um liberal, tem os mesmíssimos pontos de vista de Leonardo Sakamoto, no que diz respeito ao aborto, à eutanásia, ao casamento homossexual e ao ódio a religião. Em outras palavras, seria surpreendente encontrarmos um socialista e um liberal unidos por uma causa comum? Nem tanto. . .ambos são filhos do racionalismo iluminista, com toda praga de totalitarismos e relativismos que esse pensamento gerou.
Neles, existe uma notória aliança: a associação espiritual com a morte. Não esperaria outra coisa de um comunista como Sakamoto. Contudo, de um liberal, ao menos, se supõe a defesa do direito à vida. Constantino cita Nietsczche para criticar a piedade dos cristãos. Nós, cristãos, somos os “cultores” do sofrimento humano! Desprezamos a vida em sua “potência plena” (essas foram as palavras do blogueiro). Porque os cristãos, no fundo, são vaidosos e hipócritas, que adoram ver gente sofrer. Que absurdo esperar que a lei proteja a vida dos nascituros doentes ou defeituosos, contra a sanha dos pais e dos engenheiros sociais! Como esses inúteis não sobreviverão, ou mais, não chegarão a “potência plena” de vida, a melhor caridade que se faz é matá-los.
Mas afinal, o que é “potência plena”? Nietszche idealizava o super-homem, a “vontade da potência”, e, no entanto, era um pobre doente que virou louco. Constantino idealizará um estereótipo de perfeição humana, para que alcancemos a tal “potência plena”? Um austríaco frustrado, embebido com algumas ideias niestzcheanas, também idealizou um novo homem, perfeito, belo, másculo, superior: Adolf Hitler. E deu no que deu. A guerra, os massacres de povos inteiros, o genocídio. E no fim, a derrocada da civilização europeia. E o nosso liberal de meia pataca se ofende quando é chamado de nazista?
A
discussão sobre a anencefalia no STF espantou pela sua natureza
pseudo-científica e anti-ética. Primeiro, porque reduziu a vida a
um mero problema biológico, como se o processo mesmo definidor da
vida se resumisse a um prognostico técnico previsto por médicos. E
segundo, porque a ética relacionada ao direito à vida, instituída
na Constituição e na legislação infra-constitucional, foi
solenemente ignorada pela subjetividade de perspectivas dos
ministros. Ou melhor, pelas crendices materialistas impregnadas no
conceito da vida humana. Os médicos e ministros do Supremo são uma
espécie autodeclarada de semideuses, autoridades eclesiásticas de
uma nova ordem, definindo, ao arrepio da discussão moral, da
filosofia e da própria complexidade visível da existência humana,
quem deve viver e morrer. E, lembremos, pela presunção cega de que
supostamente não há vida. O fato de crianças anencéfalas terem
sobrevivido ao nascimento por algum tempo foi ignorado pelo STF. Como
são frágeis demais para viverem, por que se dar ao trabalho de
cuidá-las? Na prática, a Corte Suprema do país deu largo
precedente para a eugenia pura e simples. O nascituro, filho de um
casal, é portador de síndrome de Down? É fisicamente defeituoso? É
pobre? Ou não atende a um estereótipo de “potência” para uma
vida plena? Então se elimina os fracos.
Rodrigo
Constantino é reflexo de uma humanidade cada vez mais mesquinha e
covarde. Uma humanidade frouxa, que teme a dor e o sacrifício, pelo
fato de não se responsabilizar por ninguém e, tampouco, pelos
dramas da própria existência. A vida é também sofrimento e dor,
para que haja madureza no homem. Quem não sofre, nunca cresce. O que
está se produzindo é uma sociedade de gente imatura e de infância
prolongada, por não aceitar a fase adulta da vida. Esse tipo de
gente é tão estúpido, que muitas vezes prefere morrer a aceitar a
dor.
O
cristianismo nos ensina aceitar a dor como parte da vida e da
existência. E da dor extrai-se alguma lição moral de superação e
dignidade. Dignidade que é intrínseca ao ser humano,
independentemente do seu estado.
O
universo filosófico nietszcheano de Constantino é puramente
infantil. É mero reflexo das compensações um filósofo louco, que
não possuía qualquer firmeza espiritual, para o viés de sua
enfermidade.
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