Nem de longe a história acaba com a legalização do aborto de anencéfalos. Pelo contrário, agora é que tudo começa! Porém, urge que comecemos a trabalhar desde já.
Por Klauber Cristofen Pires
Prezados leitores,
Venho aqui manifestar a minha comoção
com a vigília que todos os cristãos, demais religiosos e mesmo os
ateus defensores do princípio absoluto da defesa da vida têm
realizado por ocasião do julgamento que está acontecendo no Supremo
Tribunal Federal quanto à descriminalização do aborto de fetos
anencefálicos.
Como desde antes, eu já mantinha a
expectativa realista de que o resultado seria uma lavagem em favor
dos patrocinadores do aborto de anencéfalos, fato que jamais me
demoveu da ideia de continuar a defender a vida com início e fim
naturais.
Não me fez resignar e não o fará,
porque a guerra mal começou. Se a legalidade do aborto de
anencéfalos já é um fato por via de uma usurpadora tendência
legiferante por parte do STF, não obstante a flagrante falta de
previsão constitucional e legal, ainda temos pela frente a luta pelo
impedimento de que em breve o mesmo suceda com o aborto e com a
eutanásia, e até com a prostituição e a pedofilia, que vêm vindo
a reboque.
Costumo sempre dizer à minha querida
filha que, se quiser ter bom aproveitamento escolar, há de estudar
diariamente, e não somente por ocasião das vésperas das provas.
Pois, assim mesmo eu digo aos cristãos: há de começarmos a
trabalhar diariamente em defesa da vida e da legitimidade cidadã do
pensamento religioso.
A verdade é que por mais tuítes e
mensagens de toda sorte que tenham recebido os senhores Ministros,
nada os faria mudar de convicção em cima da hora, uma vez
consolidada a ideia generalizada de que a ciência materialista goza
da prerrogativa da razão isenta conquanto o pensamento cristão
mantenha-se agrilhoado às trevas dos dogmas e da superstição.
Uma vez afastada a compreensão
transcendentalista da vida, esta perde o status de um fim em si, como
emanação da graça de Deus, e passa inexoravelmente a ser valorada
por sua utilidade. Quando os advogados do aborto falam em viabilidade
do feto, o que eles questionam, no fundo, é a utilidade do ser em
formação. Na psique destas pessoas, a famosa estátua Vênus de
Milo deveria ser destruída ou na melhor das hipóteses, recolhida
aos porões do Louvre.
Meus amigos, este articulista é
assumidamente cristão, como vocês o sabem muito bem, mas afirma com
plena convicção que sua fé não se deriva somente daquele inato
sentimento que nos fala do fundo da alma. Pelo contrário, desde há
muito tem buscado a racionalidade mais estrita para com ela estaiar
suas convicções espirituais.
Uma evidência bastante eloquente é a de
jamais prosperou alguma sociedade ateísta. Na verdade, nem sequer
temos notícia de que algum dia tivesse havido algum povo
naturalmente ateu. O que sabemos é que no Século XX ergueram-se
alguns estados ateus, mas que não são nada abonadores seus
respectivos legados, de dezenas de milhões de cadáveres.
Outra evidência bastante criteriosa é a
do “princípio da ordem”, tal como apresentada pelo Dr. Thomas
Woods Jr, segundo o qual presumimos a atuação de um princípio
inteligente em toda a constituição do universo, que opera segundo
magníficas e complexas leis, empiricamente verificáveis . Ora, será
isto mais dogmático e supersticioso do que acreditar na “teoria do
acaso”, tal como admitida pelos cientificistas, que têm por certo
que a vida originou-se de uma ocasional e originalíssima colisão de
átomos? Em outras palavras: será racional de minha parte que após
alguns trilhões de tentativas de lançar um par de dados eu consiga
uma sequência de cem duplos-seis e depois disso eu venha a esperar
com acadêmica certeza que nas jogadas seguintes eu consiga manter
indefinidamente o resultado de duplos-seis, tal como nos perpetuamos
pela reprodução?
De cada argumentação pretensamente
apresentada como científica, o que se ouviu da boca dos doutos
ministros do STF foi uma sequência de notáveis inconsistências,
verificáveis por qualquer criança atenta. Por exemplo, como pode
alguém afirmar que um ser vivo já está morto?
Mas as contradições não pararam por
aí. Apresentou-se o relato de uma mãe torturada de sofrimento pelo
fato de manter em seu ventre um filho anencéfalo. De forma alguma
vou menosprezar a dor daquela senhora, mas aqui ouso evidenciar que
alguns membros do STF podem ter se deixado levar pela emoção em
detrimento da razão, por mais científicos que alegam ter sido os
seus argumentos. Porque, oras, não sofre também a mãe de uma
criança em tenrinha idade que sofra de algum fatídico mal?
Especialmente aos católicos, eu digo:
não há como passarmos ao combate nas trincheiras seguintes, isto é,
contra a legalização do aborto, da eutanásia, e decerto, da
prostituição e da pedofilia, se em suas próprias instalações a
Igreja mantém notórios militantes destas causas, como é o caso do
Sr Leonardo Sakamoto, e sejamos justos, muitos mais do que somente
ele, como por exemplo, a Sra. Ana Maria da Conceição Veloso, que é
professora de jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco e é
associada ao centro Dom Helder Câmara.
Mesmo o aborto de anencéfalos ainda pode
ser evitado, se cercarmos os pais e as mães com muito carinho e
levarmos a eles a compreensão de que assistir à morte natural de
seus queridos filhinhos é menos atroz e menos torturante do que o
covarde assassínio.
Excelente texto. Oremos, sacrifiquemo-nos e trabalhemos, com muita serenidade e alegria, pois haja o que houver, já sabemos Quem vence no fim! Abs
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