sexta-feira, 13 de abril de 2012

Mantega patina na manteiga!


Ontem, o ministro Guido Mantega fez duras críticas aos bancos privados, por manterem altas as taxas de juros, quando, segundo seu juízo, em nada isto se justifica. Será?
Por Klauber Cristofen Pires

De acordo com o ministro, os bancos privados provocam uma retenção de crédito, cobram o maior spread do mundo e “querem jogar a conta nas costas do governo”.
A taxa de captação é no máximo 9,75% e emprestando a 30%, 40%, 50%, 80% ao ano, dependendo das linhas de crédito. Essa situação não se justifica. Esse spread é o maior do mundo”, reclamou Mantega.
Asseverou também o ocupante da pasta da fazenda que a economia brasileira possui condições jurídicas sólidas, com a Lei de Falências e de Alienação Fiduciária; que a inflação está baixa (4,5%); e que anda boa a situação fiscal, com melhora no superávit primário e queda na dívida pública brasileira. Por fim, citou o aumento de renda nos salários dos brasileiros e sua vontade de consumir.
Não sei ao certo se estamos a falar do mesmo país, mas se há algo de que o Brasil careça, é justamente de segurança jurídica. As leis citadas pelo eminente ministro do PT, com sua formação marxista-keynesianista, enxerga a economia de acordo com as variáveis por ele mesmo estipuladas.
Todavia, nem de longe o principal perigo que ronda as empresas se encerra no corpo do direito comercial. Basta passarmos os olhos para as estatísticas do poder judiciário para constatar que disputas entre cidadãos e empresas privadas mal alcançam 5% de toda a litigância em andamento, ficando todo o resto a pesar na relação dos particulares os diferentes níveis de governos, por toda sorte de interferências estatais.
Por outro lado, o índice de investimentos governamentais, traduzido em um termo já bastante condescendente, é sofrível, senão lamentável, estando praticamente toda a máquina pública atolada em despesas de custeio, e convenhamos, em boa parte para sustentar a grossa corrupção e ineficientíssima gestão.
A desindustrialização é um fato inconteste, e o fascismo privilegiador das atividades de grande escala em detrimento dos pequenos e médios empresários, uma política que o PT não há de abandonar jamais, eis que faz parte integrante de sua estrutura de poder.
A carga tributária é pesada, extremamente complicada, seletiva e reincidente em várias situações; além disso, os serviços públicos são lastimáveis, o que faz com que os brasileiros tenham de pagar duas ou até três ou quatro vezes para conseguirem o mesmo bem ou serviço.
Por fim, a segurança pública já entrou em colapso. Ninguém mais tem como transportar mercadorias ou valores sem valer-se de vultosos custos com seguros e escoltas.
Meus amigos, tudo o que vai acima é pouco, eis que agora apenas estou escrevendo à queima-roupa!
No entanto, concordo muito bem que podem haver muito mais fatores que façam com que os bancos nos cobrem juros tão altos. Fato é que o endividamento pessoal tornou-se tão generalizado que tomar empréstimos já se consolidou como uma dependência inescapável. Frise-se, no momento mesmo em que um sensato ministro da fazenda haveria de aconselhar não ao consumo, mas à poupança.
Retornemos ao padrão-ouro e devolvamos os juros à sua função original de mercado, e veremos como uma cultura de poupança pode fazer com que as taxas convirjam para percentuais não necessariamente baixos -embora tendam, sim, a baixar muito em relação ao nível vigente no Brasil – mas justos, porque calibradas de acordo com os riscos dos empreendimentos desimpedidos e desassustados por súbitas e inesperadas intervenções estatais.


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