Ontem, o ministro Guido Mantega fez duras críticas aos bancos privados, por manterem altas as taxas de juros, quando, segundo seu juízo, em nada isto se justifica. Será?
Por Klauber Cristofen Pires
De
acordo com o ministro, os bancos privados provocam uma retenção de
crédito, cobram o maior spread
do
mundo e “querem jogar a conta nas costas do governo”.
“A
taxa de captação é no máximo 9,75% e emprestando a 30%, 40%, 50%,
80% ao ano, dependendo das linhas de crédito. Essa situação não
se justifica. Esse spread
é
o maior do mundo”, reclamou Mantega.
Asseverou também o ocupante
da pasta da fazenda que a economia brasileira possui condições
jurídicas sólidas, com a Lei de Falências e de Alienação
Fiduciária; que a inflação está baixa (4,5%); e que anda boa a
situação fiscal, com melhora no superávit primário e queda na
dívida pública brasileira. Por fim, citou o aumento de renda nos
salários dos brasileiros e sua vontade de consumir.
Não sei ao certo se estamos a falar do
mesmo país, mas se há algo de que o Brasil careça, é justamente
de segurança jurídica. As leis citadas pelo eminente ministro do
PT, com sua formação marxista-keynesianista, enxerga a economia de
acordo com as variáveis por ele mesmo estipuladas.
Todavia, nem de longe o principal perigo
que ronda as empresas se encerra no corpo do direito comercial. Basta
passarmos os olhos para as estatísticas do poder judiciário para
constatar que disputas entre cidadãos e empresas privadas mal
alcançam 5% de toda a litigância em andamento, ficando todo o resto
a pesar na relação dos particulares os diferentes níveis de
governos, por toda sorte de interferências estatais.
Por outro lado, o índice de
investimentos governamentais, traduzido em um termo já bastante
condescendente, é sofrível, senão lamentável, estando
praticamente toda a máquina pública atolada em despesas de custeio,
e convenhamos, em boa parte para sustentar a grossa corrupção e
ineficientíssima gestão.
A desindustrialização é um fato
inconteste, e o fascismo privilegiador das atividades de grande
escala em detrimento dos pequenos e médios empresários, uma
política que o PT não há de abandonar jamais, eis que faz parte
integrante de sua estrutura de poder.
A carga tributária é pesada,
extremamente complicada, seletiva e reincidente em várias situações;
além disso, os serviços públicos são lastimáveis, o que faz com
que os brasileiros tenham de pagar duas ou até três ou quatro vezes
para conseguirem o mesmo bem ou serviço.
Por fim, a segurança pública já entrou
em colapso. Ninguém mais tem como transportar mercadorias ou valores
sem valer-se de vultosos custos com seguros e escoltas.
Meus amigos, tudo o que vai acima é
pouco, eis que agora apenas estou escrevendo à queima-roupa!
No entanto, concordo muito bem que podem
haver muito mais fatores que façam com que os bancos nos cobrem
juros tão altos. Fato é que o endividamento pessoal tornou-se tão
generalizado que tomar empréstimos já se consolidou como uma
dependência inescapável. Frise-se, no momento mesmo em que um
sensato ministro da fazenda haveria de aconselhar não ao consumo,
mas à poupança.
Retornemos ao padrão-ouro e devolvamos
os juros à sua função original de mercado, e veremos como uma
cultura de poupança pode fazer com que as taxas convirjam para
percentuais não necessariamente baixos -embora tendam, sim, a baixar
muito em relação ao nível vigente no Brasil – mas justos, porque
calibradas de acordo com os riscos dos empreendimentos desimpedidos e
desassustados por súbitas e inesperadas intervenções estatais.
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