Diante de situações especiais, escolher amar de forma incondicional gera paz e revela a dignidade da vida humana. Assim aconteceu com Vitória de Cristo.
SEG,
09 DE ABRIL DE 2012 12:30 - CLÁUDIA BRITO
Quando ela tinha 12 semanas de vida, seus pais
descobriram que ela tinha acrania, ou seja, sua calota craniana não
havia se formado e suas estruturas cerebrais seriam danificadas em
contato com o líquido amniótico. Mas mesmo tendo sido desenganada
pelos médicos, que disseram que ela morreria logo após o parto,
Vitória completou dois anos e dois meses de vida recentemente. Nesta
entrevista exclusiva, Joana Schimitz Croxato revelou todas as bênçãos
que recebe diariamente junto com seu marido Marcelo Almeida Croxato,
através da vida da filha.
TF
– Como foi receber o diagnóstico de anencefalia?
Joana
Schmitz – Foi muito difícil, mas ao longo da gravidez quando eu
comecei a sentir ela se mexer foi maravilhoso. Sentimos que estávamos
no caminho certo. Acreditamos que Deus poderia mudar esta sentença,
e decidimos amá-la da mesma forma como temos sido amados por Deus,
de forma individual, única e incondicional.
Eu sempre
tive o sonho de ser mãe e quando soube do diagnóstico o primeiro
pensamento foi o de que passariam os nove meses e eu não teria a
oportunidade de ser mãe porque meu bebê iria morrer. Mas a medida
em que decidimos receber a Vitória e aceitá-la, eu percebi que
estava me tornando mãe já na gestação e que não adiantava eu
querer amar um outro filho se Deus estava me dando uma filha muito
especial para amar. Eu me realizei muito como mãe.
Quando ela
nasceu senti uma alegria imensa, uma paz muito grande, mesmo sem
saber o que iria acontecer. Eu creio que essa paz vem de Deus, porque
a gente decidiu colocar
Ele acima dessa situação e
deixá-Lo mostrar o que era melhor. Fomos surpreendidos com um lindo
milagre, uma vida preciosa que temos visto se desenvolver diante dos
nossos olhos, pela misericórdia de Deus.
TF
– Qual foi o momento mais especial?
Joana
Schmitz – Foi quando eu consegui amamentar a minha filha e quando
Vitória recebeu alta do hospital, com cinco meses e meio. Foi um
momento incrível e inesquecível. Parecia que esse dia nunca iria
chegar, porque ela ficou cinco meses na UTI. Foi um sentimento
indescritível quando a colocaram em meus braços e soubemos que
poderíamos levá-la para casa.
TF
– Como é o dia a dia com a Vitória?
Joana
Schmitz – É uma alegria para a gente. Ela é o nosso tesouro, uma
criança muito especial que só nos trouxe coisas boas. Ela exige
alguns cuidados, existe uma preocupação um pouco maior. Fazemos
um
acompanhamento médico, mas é uma grande realização
para mim. Eu nunca imaginei que iria me sentir tão feliz e realizada
como mãe, cada pequeno progresso é uma alegria. É muito bom
perceber o quanto ela sente o nosso amor e expressa alegria em viver
em família.
TF
– Como foi a escolha do nome da Vitória?
Joana
Schmitz – A avó do meu marido se chama Maria Vitória e o meu
marido tinha vontade que ela se chamasse Vitória. Um dia na Igreja
ouvimos um louvor que falava o quanto Cristo na Cruz já tinha
vencido a morte por nós, e eu senti no coração que era esse o nome
que eu deveria dar para ela, porque independente do que iria
acontecer. Pela nossa fé, acreditávamos que valeria a pena
respeitarmos a vida dela e confiar em Deus.
As palavras
bíblicas que dizem que no meio da tempestade Cristo está com a
gente e que contam os milagres realizados por Jesus aumentaram a
nossa fé. Nós sabíamos que a possibilidade dela sobreviver era
remota, mas confiamos que Deus estava acima desse diagnóstico, que
Ele estava no controle da situação, que existia um propósito para
tudo e que algo especial viria junto com tudo isso. Essas certezas
nos motivaram a confiar, a seguir em frente com paz e
tranquilidade.
Nosso coração também foi tocado, antes
mesmo de sabermos do diagnóstico da Vitória, pela palavra bíblica
que diz: “Deus não é homem para mentir, nem alguém para se
arrepender. Alguma vez prometeu sem cumprir? Por acaso falou e não
executou?” (Nm 23,19). Essa promessa nos ajudou a seguir em
frente.
A leitura da Bíblia nos lembra que os milagres
acontececem a partir da nossa fé e que “tudo é possível para
Deus” (Lc 1,37). Como eu poderia tomar essa decisão de interromper
a vida dela, porque achava que ela não iria sobreviver? Sabia que
Deus estava acima disso e que Ele poderia mudar o rumo da história.
A vida da Vitória nos aproximou muito de Deus, nos ajudou muito a
olhar para Cristo e a confiar.
TF
– O que você diria a uma mãe que enfrenta uma situação
semelhante?
Joana
Schmitz – Crie um vínculo com o seu filho, dê tempo e espere para
ver o quanto essa criança vai ser especial. Será uma emoção muito
grande sentir esse bebê se mexer e crescer no seu ventre. Faça tudo
o que você faria por um bebê que não tivesse esse problema e tenha
esperança. É muito importante que a mãe não deixe ninguém tirar
esse sonho e esse direito que ela tem de ter esse filho e de amar
essa criança pelo tempo que ela viver, mesmo que seja pouco. É
preciso lutar também para que o bebê receba todo o tratamento
necessário e para que tenha qualidade de vida.
A Vitória é
uma criança muito doce, muito especial, que demonstra o quanto ela
se sente amada. Essa deficiência não a torna inferior ou menos
merecedora de amor, e é uma alegria saber que ela tem uma história
e é um exemplo.
Eu estou à disposição para ajudar no
que for possível. Nós criamos um grupo de apoio para ajudar mães
que enfrentam situações semelhantes, para que possamos trocar
experiências e receber suporte emocional.
O link do Grupo
Vida pode ser acessado pelo
blog www.amadavitoriadecristo.blogspot.com.br,
que eu criei para contar a história de Vitória.
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