Temerosa de perder a credibilidade diante da concorrência com os blogues e sites independentes, aos poucos a grande mídia vai adotando novas posturas mais elogiáveis. Demos graças à liberdade de expressão e ao direito de propriedade!
Por Klauber Cristofen Pires
Eis que leio no Estadão, da
coluna de Celso Ming, um daqueles artigos que há coisa de uns poucos
anos ou até de meses atrás seria inimaginável.
Seu texto “Dilma
turbina o pibinho” está simplesmente correto nas avaliações
que faz, sem os usuais tributos ao keynesianismo ou às mistificações
perpetradas pela sapientíssima equipe econômica do governo, ao
criticar o estímulo ao consumo baseado na expansão do crédito em
detrimento da poupança e do investimento.
Ming
escreve para os leitores despido dos tecnicismos metidos a besta e,
aleluia (!), talvez tenha sido o primeiro comentarista político e
econômico da grande mídia a questionar as medidas econômicas à la
carte do governo, isto é, no sentido de privilegiar um setor em
detrimento dos demais: “O
principal problema desse novo pacote não é o especial desvelo com
que trata a indústria de veículos e deixa os demais setores ao
deus-dará. É a estratégia de tentar compensar a relativa
desaceleração interna com mais consumo apoiado no crédito - e não
com mais investimento.”
Ainda
aqui, no entanto, faço reparos ao Sr Ming: para um convicto
“austríaco” como eu,
é sim um principalíssimo problema este o de o governo governar
casuísticamente, solecando aqui e tesando ali. No mínimo, isto
constitui uma grave ofensa ao princípio da isonomia jurídica entre
os cidadãos – a tal da igualdade de todos perante a lei – mas no
decorrer de sua prática continuada, aí jaz uma grande fonte para
toda sorte de corrupção, falcatruas e perseguições, sem falar do
perigoso dirigismo estatal por sobre os cidadãos, a tutelar suas
preferências e seus projetos de vida.
Os
impostos, tal como as leis, devem ser iguais para todos! No fundo,
talvez até sem ter percebido, o próprio colunista reprova tais
práticas: “Eles
querem empurrar mais veículos para a população. Não levam em
consideração que a reaceleração da produção poderia ser
promovida com muito mais vantagens se fosse acionado o investimento.”
A
não ser quando ao final clama por mais investimentos, no que dá a
entender que sugere provenham da iniciativa estatal, Ming se entrega
à Escola Austríaca com as duas mãos por sobre a cabeça.
Caríssimos
leitores, da mesma forma que o Sr Ming, como já havia exposto, um
Jornal Nacional diferente apareceu na semana passada, ao ter dosado
um pouco melhor suas reportagens sobre conjuntura com umas gotas a
mais de realidade.
Da
minha parte, tenho percebido o quanto este salutar processo de
correção jornalística – que ainda tem muito a caminhar – tem
surgido como uma reação a dois fatos de crucial importância:
Em
primeiro lugar, o advento da internet, de onde surgiram primeiramente
os e-mails, e deles os grupos de discussão, para em seguida
aparecerem os blogs e as redes sociais. Estas inovações promoveram
uma efetivação material da liberdade de expressão sem precedentes,
o que possibilitou a qualquer um a quem a grande mídia negasse a voz
contornar a barreira da filtragem ideológica para ter acesso às
informações sonegadas ou editadas e divulgá-las sem limites
geográficos pré-definidos.
Um
exemplo notório foi o caso Honduras, que o casal William Bonner e
Fátima Bernardes primeiramente denunciou como um golpe de estado
realizado por militares. Como os blogues e sites independentes
estavam a desmentir a versão global, apresentando os fatos
verdadeiros, viram-se na contingência de ir fazendo seguidos
remendos em suas versões, o que os fez depois transmitir que se
tratava de um golpe de estado do congresso em conluio com militares,
para enfim chegar até mesmo a arranjar a desculpa esfarrapada de um
obscuro cientista político argentino que disse que conquanto a
deposição de Manuel Zelaya tenha sido regular e constitucional,
deveria ter sido entendida como um golpe “por ter se parecido”
com um golpe! Imaginem!
Por
outro lado, a intransigente postura do STF em favor da liberdade de
expressão, com a sua decisão que abominou a esdrúxula exigência
de diploma de nível superior para o exercício da atividade de
jornalismo, permitiu furar o bloqueio da hegemonia da doutrinação
gramscista-marxista nas universidades e faculdades de jornalismo,
mais formadoras de fanáticos militantes do que de autênticos
profissionais. Não é à toa que muitos dos sites e blogues da
Sinistrosfera deploram a decisão do STF e apoiam a campanha pelo
retorno da exigência da formação superior no campo legislativo.
Hoje
em dia, mesmo um pequeno blogue, pouco visitado e que publique seus
artigos em dias esporádicos, tem um alcance fabuloso: praticamente
de nada serve ser medido com base nas suas estatísticas de
visitações, uma vez que as redes sociais agem como multiplicadores
ao limite do infinito.
Fico
feliz por Celso Ming e por aqueles que estão desabrochando para os
novos tempos. Mais ainda quando se comprometer por completo a não
fazer nenhuma concessão aos governantes, quaisquer que sejam.
Você devia ler e ouvir mais o Carlos Alberto Sardenberg, que já vem dizendo isso há anos, não foi na semana passada.
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