Jurista alega que a esquerda não deve
ser investigada pela Comissão da Verdade porque já o foi. E daí:
Desde quando a CV tem caráter processualista?
Por Klauber Cristofen Pires
Na coluna de Roldão Arruda
de 22/05/2012, do Estadão, foi publicada a reportagem “Esquerda
já foi julgada e condenada, diz jurista”, na qual apresenta a
opinião do jurista Oscar
Vilhena Vieira em resposta à questão sobre se devem
ser investigados também os atos cometidos por grupos de esquerda que
pegaram em armas contra a ditadura militar.
Munido
de um argumento realmente interessante, o entrevistado assim se
declarou:
Os
crimes eventualmente praticados pela oposição, vamos dizer assim,
já foram julgados. Só na Junta Militar de São Paulo existem mais
de três mil processos. O Estado combateu aqueles crimes, julgou as
pessoas, quando não foram desaparecidas, e puniu. O direito, ainda
que um direito autoritário, foi aplicado. A presidente Dilma foi
presa, acusada de pertencer a determinado grupo, e condenada (*). Não
há dúvida sobre isso. Por que razão a Comissão da Verdade iria
verificar tudo de novo, se os autos desses processos são públicos?
Podemos dizer que se trata até de uma questão de economia
processual.”
“A
comissão destina-se a descobrir uma verdade que ainda está
encoberta. Não vai tratar da parte já contada, ainda que
deturpadamente, e que pode ser consultada nos autos. Está tudo lá,
a acusação e a defesa.”
Como
disse, o argumento é interessante, mas tão somente porque finamente
diversionista, e por dois motivos:
Primeiramente,
porque os crimes cometidos pela esquerda que constam dos arquivos
oficiais resumem-se ao que foi flagrado na época, e ademais, o
conhecimento dos mesmos não está ao alcance de toda a população.
Cumpre, pois, à Comissão da Verdade, já que existe – revelá-las
ao público, assim como esclarecer os fatos não não foram
elucidados naquela época e promover o encaixe de todo o
quebra-cabeças com todas – absolutamente todas - as circunstâncias
concatenadas.
Por
exemplo: porque diversos elementos da esquerda foram receber
treinamento militar numa ditadura comunista e assassina como Cuba?
Que relação tem isto com a alegada defesa da democracia? Em tempo:
há algum mísero documento – um mero rascunho de discurso que seja
- que comprove que havia realmente um desejo sincero de lutar contra
a ditadura com vistas ao restabelecimento da democracia?
Por
segundo, os motivos apresentados pelo jurista contrariam
completamente a letra e o espírito da lei que criou a Comissão da
Verdade. Confiramos:
LEI
Nº 12.528, DE18 DE NOVEMBRO DE 2011.
Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.
Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.
Art.
3º
São
objetivos da Comissão Nacional da Verdade:
III
- identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as
instituições e as circunstâncias relacionados à prática de
violações de direitos humanos mencionadas no caput do art. 1º
e
suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e
na sociedade;
(grifos
meus)
Como
se pode verificar, a lei incumbe à Comissão, literalmente, o dever
de apurar os abusos de direitos humanos não somente nos
diversos aparelhos estatais, o que envolve a
conduta dos agentes públicos, mas também NA SOCIEDADE! Ora, como
desvencilhar a atuação dos diversos grupos terroristas da
atribuição legal conferida à Comissão desconsiderando-os como
pertencentes à sociedade?
Enfim
ao declarar que se devem investigar tão somente os atos dos agentes
públicos envolvidos com a repressão aos grupos terroristas e
subversivos, o jurista dá a entender que despreza a finalidade
historicista da Comissão da Verdade e atribui-lhe um caráter
processualista que esta não possui, segundo a expressa redação do
§
4o do art. 4º:
-
As atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter
jurisdicional ou persecutório.
Ora,
como contar a verdade – se é que estamos todos a partir de uma
perspectiva de resgate da história – de apenas um lado de uma
série de acontecimentos, desgarrados dos fatos, motivos e causas com
que se relacionam? Desde quando se faz história assim?
Nada
mais orwelliano que
uma Comissão da Verdade. Se o famoso livro 1984 não tivesse jamais
sido escrito, até que haveria a desculpa da novidade. Jamais alguma
história oficial foi levada a sério pela comunidade dos mais sérios
historiadores. Pelo contrário, viraram elas mesmas parte da
história.
Como
tenho dito: o destino que restará à Comissão da Verdade não é o
de ela contar a história, mas sim, que a história é que há de
contar sobre a Comissão de Verdade.
Em
tempo: ainda
do Estadão, saiu no dia 19 de maio a notícia intitulada “Ordem
para Comissão é ignorar militares”. Para quem se der ao
trabalho de ler o texto, há de constatar que a ordem de ignorar os
militares não se aplica à Comissão, mas ao Planalto, o que revela
um erro grosseiro de jornalismo. Bem ao contrário, Dilma Roussef
justamente ordenou que os militares entrem em contato com a Comissão:
“Se
os militares quiserem, que procurem a comissão.”. No
entanto, caso exista mesmo alguma disposição do governo em
interferir nos trabalhos da CV no sentido de orientá-la a desprezar
os militares, tem-se aí um flagrante de ilegalidade, segundo a
letra dos incisos I e VII do Art. 4º:
Art.
4o
Para execução dos objetivos previstos no art. 3o,
a Comissão Nacional da Verdade poderá:
I
- receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe
forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação
do detentor ou depoente, quando solicitada;
VII
- promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados,
nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações,
dados e documentos;
Se o jurista aceita aqueles julgamentos durante a ditadura como válidos, então é o caso de se chamar os que foram condenados para cumprir as penas determinadas, certo? Senão, é só PAPO-FURADO.
ResponderExcluirO sorriso do Dr. MTB na CPI c/o Cachoeira...
ResponderExcluirHoje eu entendo porque o então ministro da Justiça, Marcio Tomaz Bastos, fazia questão da progressão de pena para bandidos;
Hoje eu entendo porque o então ministro da Justiça, Marcio Tomaz Bastos, lutou para que a Lei de Crimes Hediondos fosse alterada para favorecer aos bandidos, mesmo a contragosto da população;
Hoje eu entendo porque o então ministro da Justiça, Marcio Tomaz Bastos, sempre foi a favor do desarmamento da população de bem e do cancelamento de todos os registros de armas, adquiridas legalmente, e da anulação dos portes já concedidos;
Hoje eu entendo porque o então Ministro da Justiça, Marcio Tomaz Bastos, era contra os proprietários rurais se defenderem de invasões;
Hoje eu entendo porque o já ex-ministro da Justiça, Marcio Tomaz Bastos, diz que o mensalão nunca existiu.
-O sorriso da foto indica que ele nunca representou o povo brasileiro quando estava no poder.
-O sorriso da foto indica que ele não passava de um advogado criminalista, habilmente infiltrado no poder pelos os seus clientes, incumbido de facilitar as coisas e abrir contatos e caminhos – apesar do seu salário ser pago pelos impostos de quem trabalha.
Abraços.
“Esquerda já foi julgada e condenada, diz jurista” - NÃO! Até porque o povo, memo, ignora tudo oque foi feito por eles. É um bando de gente que escuta e acredita... nas mentiras que vêm contando há muitos anos.
ResponderExcluirJulgados foram os militares que estão até hoje sendo olhados com despreso e acusados de uma tortura que muitos nem fizeram.